História

ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO NUMA SOCIEDADE DE ORDENS

O ANTIGO REGIME

Entre os séculos xvi e xviii, a Europa viveu a época do Antigo Regime. Este período historico caracterizou-se pelo peso da agricultura na economia(apesar do desenvolvimento das manfacturas e do comércio ultramarino), pelo predomínio da Nobreza e do Clero na sociedade de ordens(apesar do crescimento da burgesia) e pela centralização do poder real ( Absolutismo Régido).







O ABSOLUTISMO

Ao longo do Antigo Regime, entre os séculos XVI e XIX (até às revoluções liberais), a maioria dos países da Europa adotou um regime político chamado Absolutismo.
Este regime caracterizou-se:
-o poder do monarca era considerado de origem divina, isto é provinha de Deus pelo que os reis só a Deus tinham de prestar contas;
-o monarca concentrava todos os poderes do Estado (administração do territorio, elaboração das leis, aplicação da justiça, comando do   exército); estes poderes eram exercidos, em todo o reino, por funcionários em nome do rei;
-as assembeleias que faziam as leis(Cortes na Península Ibérica, Estados Gerais em França) perderam importância e deixaram de reunir-se;
-todos os grupos sociais estavam subordinados ao poder do rei.
O poder absoluto dos reis atingiu a plenitude no século XVIII. O rei francês Luís XIV (1643-1715) tornou-se no modelo de monarca absoluto em toda a Europa.

MONARQUIA ABSOLUTA      
ORIGEM DO PODER-o poderreal vem de Deus (origem divina)

PODERES-executivo (administração do reino,controlo da economia, comando do exército)
-legislativo (elaboração das leis)
- judicial (aplicação da justiça)

APOIOS AO PODER RÉGIO-ministros e concelhos especializados
-funcionários régios por todo o reino

O MERCANTILISMO

Nos séculos XVII e XVIII,muitos estados Europeus adotaram o Mercantilismo - uma teoria e uma prática económicas - como forma de aumentar a sua riqueza. O Mercantilismo baseava-se nos seguintes principios:
-a riqueza de um país dependia da quanidade de metais perciosos (ouro e prata) que possuía;
-os metais preciosos obtinham-se através do aumento das exportações e da diminuição das importações, a fim de se obter uma balança comercial favorável;
-o aumento das exportações alcançava-se com o desenvolvimento da indústria(manufaturas) e a criação de companhias comerciais;
-as indústrias nacionais deviam ser protegidas por pragmáticas,por leis que proibiam a importação de certas mercadorias.
O Mercantilismo alcançou grande desenvolvimento em França com Golbert (1619-1683), ministro de Luís XIV. As suas ideias - fomento das manufaturas e criação de companhias comerciais - foram um modelo para muitos estados europeus.

MERCANTILISMO

CARATERÍSTICAS
-Incremento das manufaturas
-Fomento do comércio (companhias comerciais)
-Proteção da riqueza nacional (pragmáticas)

OBJETIVOS
-Alcançar uma balança comercial favorável (receitas superiores às despesas)
-Enriquecer o estado (fortalecimento do poder real)

A SOCIEDADE DE ORDENS

Nos séculos XVI-XIX (até às revoluções liberais), a sociedade estava organizada em Ordens ou Estados-Clero, Nobreza e terceiro Estado.Cada uma destas Ordens tinha ocupações direitos e deveres, formas de vestir  e de tratamento próprios. Assim  acontecia na Europa e, em Portugal.
Nesta sociedade, cada um ocupava um lugr de acordo com a Ordem ou Estado a que pertencia, o que lhe dava um estatuto próprio. Na verdade, a posição de cada indivíduo na sociedade era determinada pela sua orrigemsocial. Assim, a sociedade era hierarquizada, composa por estratos diversos entre os quais havia diferenças. Por isso, a sociedade de ordens era tambem uma sociedade estratficada, ou seja, formada por estratos sociais.




A SOCIEDADE DE ORDENS

CARATERISTICAS
-Sociedade hierarquizada e estratificada
-Distinta importancia e riqueza dentro de cada Ordem ou Estado social
-Ordens sociais muito fechadas (reduzida mobilidade social)

CLERO E NOBREZA
-Vastas propriedades, importantes cargos, insenção de impostos
-Justiça própria (clero),uso de títulos, recebimento de pensões da coroa

TERCIRO ESTADO
-Diversidade de grupos sociais (burguesia, artesãos, camponeses, criados domésticos, etc.)
-Variedade de atividades e de podere económico

LUÍS XIV, O REI SOL

Rei francês nascido em St. Germain-en-Laye, Yvelines, conhecido como o Rei Sol, o maior dos reis absolutistas da França (1643-1715). Filho de Luís XIII e de Ana d'Áustria, infanta da Espanha, ainda não completara cinco anos quando subiu ao trono, após a morte do pai (1643). Antes de assumir o governo a França foi governada pelo primeiro-ministro do reino, o cardeal Jules Mazarin, que enfrentou muitos problemas mas se impôs contra as revoltas do Parlamento de Paris e dos nobres, uma longa guerra civil, conhecida como La Fronde, sufocada finalmente (1653) e garantindo a posse futura do rei. Recebeu formação humanista orientada por Mazarin e prepará-lo para exercer o poder com sabedoria e autoridade, com a morte do cardeal, assumiu o poder (1661) um ano após o casamento com a infanta espanhola Maria Teresa d'Áustria, filha de Felipe IV da Espanha. No seu governo reorganizou o exército dando ao país o maior poderio militar da Europa. As suas ações militares no exterior iniciaram-se com a invasão dos Países Baixos. 
O êxito alcançado nessa guerra permitiu-lhe ditar as condições de paz à coalizão de Espanha e Áustria. Travou guerras contra a Espanha (1701-1714), Holanda (1688-1697), Áustria (1672-1678) e Luxemburgo. A nova guerra (1688-1697), terminou com a perda
de territórios por parte da França pelo Tratado de Rijswijk. Em razão da perseguição aos protestantes depois da revogação do edito de Nantes (1685), muitos artistas e artesãos abandonaram a França. Mais tarde, a guerra de sucessão espanhola (1701-1714), embora tenha lhe permitido colocar um Bourbon no trono espanhol, infligiu elevados custos humanos e econômicos ao país. Seu reinado, um dos momentos culminantes da história da França, durou mais de 50 anos, destacou-se politicamente pelo absolutismo monárquico, onde o rei controlou até os detalhes mais insignificantes do governo, e pela posição hegemônica que elevou seu país na Europa. Deu incentivos às atividades culturais, pois considerou o incentivo às artes assunto de estado, e protegeu os dois maiores autores clássicos da literatura francesa, Racine e Molière. As principais cidades do reino passaram por uma metamorfose, criaram-se imensos jardins, embelezaram-se algumas paisagens naturais e levantaram-se monumentos por toda parte. Reativou a economia da nação com o precioso auxílio do ministro Jean-Baptiste Colbert, de acordo com as concepções mercantilistas e multiplicado as exportações francesas. Criou uma marinha mercante, além de fábricas, estradas, pontes, portos e canais, vias de circulação de uma riqueza cada vez maior. Iniciou a construção (1668) do imponente e luxuoso Palácio de Versalhes (imagem acima), perto de Paris, que surgiu de uma série de ampliações feitas ao redor do pavilhão de caça de Luís XIII. e que se tornou na principal residência dos reis da França e foi por mais de um século modelo de residência real na Europa. O arquiteto Le Vau construiu a primeira parte, Jules Hardouin-Mansart prosseguiu (1678), acrescentando o salão dos espelhos, o histórico local onde foi ratificado famoso Tratado de Versailles (1919), duas novas alas e a capela. André Le Nôtre, conhecido como um dos maiores paisagistas da França, aumentou os jardins, considerados uma obra-prima repleta de desenhos geométricos. Tido como um dos maiores palácios do mundo, tendo 2 mil janelas, 700 quartos, 1.250 lareiras e 700 hectares de parque, Versalhes é também um dos cartões-postais mais visitados da França e recebe em média 8 milhões de turistas por ano. Príncipe caprichoso, apreciava a etiqueta, festas e belas mulheres. Manteve duas amantes e sempre manifestou seu desejo de governar sozinho. A ele se atribui a frase "L'État c'est moi" (O Estado sou eu). Fundou a Academia de Ciências de Paris, cujos membros eram pagos para produzir ciências, principalmente, para geração de inovações tecnológicas e científicas que tivessem aplicação na área militar. Faleceu em Versailles como um símbolo da monarquia absolutista.



A ECONOMIA PORTUGUESA NA 1ª METADE DO SÉCULO XVIII


A IMPORTÂNCIA DO OURO DO BRASIL

Nos finais do século XVII, chegaram a Portugal as primeiras remessas de ouro provenientes do Brasil. O ouroera explorado na região de Minas Gerais e, mais tarde na de Mato Grosso, entre outras. A descoberta de ouro provocou a corrida de colonos do litoral para o interior brasileiro. De início, os particulares pagavam ao Estado um quinto do ouro descoberto.
Na 1ª metade do século XVIII,no reinado de D. João V (1706-1750), ocorreu o período de maior afluxo de ouro do Brasilpara os cofres do Estado (em 1720, atingiu-se o valor mais alto:25 000 Kg). Ao ouro juntou-se o rendimento do açúcar, do tabaco e dos escravos. Com o ouro D. João V pôde sustentar uma corte faustosa e proteger as artes e as letras. O monumental palácio-convento de Mafra, construido, em grande parte, com materiais vindos do estangeiro, tornou-se na obra emblemática do seu reinado. Mas a chegada do ouro brasileiro teve tambem reflexos negativos na economia portuguesa.

A ESTAGNAÇÃO DA ECONOMIA PORTUGESA

O ouro brasileiro não estimulou a economia portuguesa. Antes pelo contário. O país passou a viver à custa deste produto,deixando de produzir.
A assinatura do tratado de Methuen (1703), entre Portugal e a Inglaterra, agravou a situação. Com efeito, em resultado deste tratado, os tecidos ingleses entraram em Portugal, prejudicando a indústria nacional. Os grupos sociais com mais riqueza vestiam-se com tecidos estrangeiros;por outro lado, muitos dos terrenos com aptidão para o cultivodos cereais foram utilzados para o cultivo da vinha. A exportação do vinho para Inglaterra conheceu uma grande expansão mas, em contrapartida, diminuiu a produção de cereais. O ouro do Brasil serviu para pgar muito daquilo que compravamos ao estrangeiro- alimentos e produtos diversos. Em grande parte saiu para Inglaterra, Holanda, Itália.
Com vista a diminuir a dependecia de Portugal, D. João V desenvolveu as manufaturas de tecidos, vidro, papel, sedas, ferrarias... Mas a produção era insuficientepara as necessidades do país.
No final do reinado de D. João V, as remessas de ouro brasileiro diminuiram, devido ao esgotamento das minas. Também os rendimentos das exportações do vinho, açúcar e tabaco afrouxaram. Em contrapartida, face à ineficácia da Coroa, o contrabando crescia. D. José I, que lhe sucedeu,teve de tomar medidas para alterar a situação.

A ECONOMIA PORTUGUESA NA 2ª METADE DO SÉCULOXVIII

O DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO

Nos últimos anos do reinado de D. João V, diminuiram as remessas de ouro provenientes do Brasil. Também os rendimentos das exportações do vinho, açúcar e tabaco decaíram. Por isso a coroa teve de relançar a economia.
Na 2ª metadedo século XVIII, o Marquês de Pombal(1750-4777),ministro de D. José I, tomou uma série de medidas para ultrapassar a crise que afetava Portugal. Assim, aperfeiçoou a administração doEstado, melhorou a cobrança de impostose e fomentou o comércio. Na metrópole, incrementou a cultura da vinha e, no Brasil a do algodão, cacau e tabaco, entre outras. Por outro lado, criou companhias comerciais,como a Companhia do Grão-Pará e Maranhão(1755); da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756); de Pernambuco e Paraíba(1759).
Estas Companhias eram constituídas com dinheiro de acionistas e atuavam em monopólio. Assim só elas podiam explorar as riquezas da região onde exerciam a sua atividade. Por outro lado, gozavam de muitos privilégios. Mas, a sua política de fomento comercial, a certa altura, deixou dar os resultados esperados. Tornou-se, por isso, necessário mudar de política.

O FOMENTO INDUSTRIAL

Com efeito,nos finais da década de 1760, o ouro e outros produtos coloniais brasileiros(açúcar, diamantes) entraram em crise. As importações e exportações portuguesas diminuíram, decaindo os lucros das companhias comerciais e os rendimentos do estado.
Então, o Marquês de Pombal, para superar as diiculdades, procurou desenvolver a indústria portuguesa através das seguintes medidas:
-criação e renovação de muitas oficinas e manufaturas (chapéus, tecidos, vidro, louça, papel, ferramentas,...);
-concessão de subsídios e privilégios(insenção de impostos, exclusivo da produção);
-recrutamento de técnicos estrangeiros para melhorar a produção.
A política económica do Marquês de Pombal de fomento comercial e manufatureiro contribui para o desenvolvimento da burgesia.